Sonhos do Cacau

Teoria dos Sonhos
De acordo com Sigmund Schlomo Freud (1856-1939), os sonhos são lembranças e reais desejos guardados na sua sub-consciência que revelam-se durante o sono, consciente em seu total domínio sobre o seu pensamento - quando estamos acordados, é quem impede essas imagens de mostrarem essa realidade oculta no sub-consciente.
Carl Gustav Jung (1875-1961) alega que os sonhos possuem um papel mais abrangente, que não seriam apenas reveladores de desejos ocultos, mas sim, uma ferramenta da psique que busca o equilíbrio por meio da compensação. Jung aponta os sonhos como forças naturais que auxiliam o ser humano no processo de individualização através da averiguação das posições que o protagonista no sonho (ego) toma diante dos desafios propostos.
Muito embora Freud afirma que as situações absurdas presente em sonhos arquetípicos, Jung diz que essa é a forma própria do sub-consciente de se expressar.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Uma prova e tanto

Eu achava que estaria livre das provas de Geografia desde que passei no vestibular. Me enganei. Sonhei com uma. A prova nem tinha sido entregue e o pessoal que estava na sala dizia que a prova estava difícil. Fiquei apavorado e comecei a revisar um exercício de topografia com um amigo meu colombiano. Disseram que iria cair na prova, então já queriamos garantir uns pontos.

Passaram só cinco minutos de revisão e o professor grande, gordo, barbudo e de óculos estava entregando a prova para a sala toda. Porém, faltaram quatro provas: uma para mim; uma para o Alessandro; uma para Thaísa; uma para Gisela (pseudônimos). O Alessandro ficou muito bravo com a falta de competência do pessoal da xerox e foi tirar satisfação com o professor. Foi super grosso ele, mas veio a calhar: nos deram um pão pulman sem a casquinha da borda para dividirmos entre nós quatro enquanto esperávamos o professor voltar com as provas impressas. Só rendeu uma mordida para cada um, no final das contas.

Finalmente, o professor volta. Todavia, com apenas um papel na mão. “Tive a idéia de formular uma prova original para vocês. Uma prova que deve ser feita em grupo contendo quatro integrantes.” Desde aí eu tive certeza de que provas de Geografia são traumatizantes.

A prova tinha três questões dissertativas, sendo que, a que mais valia dentre estas, valia três pontos e cobrava conhecimentos topográficos. O exercício pedia para que traçássemos uma estrada com os caminhos desviados pelo relevo das montanhas ou, caso a montanha seja muito grande, cortá-las com a construção de túneis. Uma das outras duas questões remanescentes (valia dois pontos) pedia que descorressemos sobre o meio ambiente inteiro. Sim, era esse mesmo o enunciado: descorra sobre o meio ambiente inteiro. Já foram cinco pontos. Os outros cinco foram parar na última e maior questão.

Essa questão mais valiosa era praticamente uma paródia aos 12 trabalhos de Hércules. Nós quatro tínhamos que ir para uma mansão com um monte de salas com desafios dentro delas. O “exercício” pedia que realizássemos os 12 desafios que haviam dentro deste casarão antes que o tempo para realizarmos prova se esgotasse. Certo. A estratégia foi nos dividirmos e cada um procurar por três desafios diferentes. Matematicamente justo.

A chegada à mansão era um perfeito filme de terror: céu nubladíssimo, bem escuro, e ainda chovia forte com direito a trovões. Entramos e, logo em seguida, nos separamos para agilizar o processo. Eu saí correndo para a primeira sala com uma placa pendurada na porta escrita DESAFIO. Iria começar o meu primeiro “trampo”. O objetivo era coletar todos os Lemmings que saíssem dos buracos de rato. Ao entrar no quarto, vi que no lado de dentro da porta tinham as instruções coladas que concluiam: aperte o botão vermelho para começar. Eu apertei e nada aconteceu. Passou uns segundos eu comecei a ouvir um barulho de muitos ratos andando no lado de dentro das paredes. Era muito Lemming! Quanto cabelo verde! Deviam ser uns mil Lemmings andando em linha reta a partir das quatro paredes. Eu tinha que coletá-los com um cesto de roupa suja, todo furado. Mas, depois de muita dificuldade, deixando vários escorregaram e atravessarem os furos, consegui cumprir a primeira missão.

Ao sair da sala eu volto para o corredor com várias portas com placas DESAFIO penduradas. Abri a porta da frente do desafio dos Lemmings e me dou de cara com a Gisela se debatendo no meio de um monte de morcegos que a sobrevoavam. Mas ela conseguiu berrar para mim dizendo que esse era o desafio dela: ficar sozinha sem berrar com esses morcegos por um minuto. Está certo, Gisela. Vou te deixar a sós com eles, então. Fechei a porta e abri a porta ao lado.

Esta porta escondia o meu segundo desafio: pegar um fantasma. Pena que eu não tinha nenhum aspirador de pó para me auxiliar nessa tarefa. Já ví vídeo-aulas e controlei um simulador virtual disso, mas claro que tinha que ser diferente de tudo o que eu tinha aprendido, que nem na vida real. A sala era escura e o fantasma surgia da negritude da mesma forma que o vagalume acende a sua luz. Eu não podia perder a oportunidade de pular para cima do fantasma na hora que ele aparecesse, antes que ele sumisse novamente. O fantasma parecia o Gengar, só que este usava coleira. Eu tinha que pegá-lo pela coleira para domá-lo e cumprir o desafio. Depois de uma dúzia de tentativas, consegui. Capturei-o pela coleira. Saí da sala avançando para o próximo e último desafio.

Enfim, cheguei ao destino final, o terceiro desafio. Havia uma mesa comprida, como aquelas do rei medieval, com uma caixa de madeira com o mesmo comprimento da mesa. Era um labirinto. Tinha um queijo ali do lado. Só faltava o camundongo de laboratório. Ele é pequeno o suficiente para trafegar pelo labirinto sem maiores dificuldades. Contudo, tinha que haver uma incoerência para ser comparado a um trabalho de Hércules: o rato era um hamster gordo e burro. Eu usava o queijo como guia, mas ele também não devia nem gostar de queijo. O bicho era desobediente.

E foi dada a largada da corrida do Hamster contra o tempo! Ele andava morbidamente, para ajudar o grupo e a entrega da prova. Contudo, às vezes o bicho andava por corredores compridos e chegava em becos sem saída. Depois de ele contornar várias daquelas buscas, ele deu de cara com um corredor que dava na porta de saída que tinha um queijo maior que o da minha mão na fente. Então o hamster saiu correndo desesperado, como um gordo mórbido. Ei, é o que ele era mesmo! Porém, caiu uma jaula nele por ter corrido e eu acabei perdendo o desafio. Você, leitor, deve estar com mais pena do bicho enjaulado do que de mim, isso sim.

Após eu ter realizado os três desafios de minha cota, fui para o gigante hall da mansão esperando com a Thaísa, que foi a mais veloz do grupo, os outros terminarem também. Pouco tempo depois, Alessandro e Gisela aparecem. Acabados, voltamos para a sala e entregramos a prova. Ainda estamos o professor corrigí-la porque eu acordei depois de dá-la em suas mãos.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Um pouco de futebol

Na madrugada da decisão do terceiro colocado da Copa do Mundo 2010, eu estava sonhando com uma filmagem antiga futebolesca. Gravada no Maracanã na década de 60 , ela mostrava a torcida brasileira nas arquibancadas fazendo a maior algazarra em prol da motivação dos jogadores que estavam para entrar em campo. Seria um amistoso entre Brasil e Espanha.

Por ser antiga, a filmagem estava tanto com a qualidade da imagem quanto o volume do som baixos. Porém, isto não impedia em nada de vermos a farra dos brasileiros que, mesmo sem vuvuzelas, não cessavam por nem um segundo. Na situação, a filmagem estava sendo editada (muito mal por sinal) e estavam colocando a voz de um locutor com voz bem grave e provavelmente idoso por locutar pausadamente.

O que acontecia, e que incomodava bastante, era a voz do senhor estar muito mais alta que aquele barulho todo que a torcida fazia. Durante as pausas da locução é que se ouvia os brasileiros ao fundo. Era mais ou menos assim: OLÁ, BRASILEIROS FANÁTICOS! (grito da torcida baixinho) HOJE TEMOS UM GRANDE AMISTOSO! (grito da torcida baixinho) BRASIL E ESPANHA AQUI NO MARACANÃ! (grito da torcida baixinho). Mais pra frente, as locuções começaram a se enroscar: OS JOGADORENTRAM IM CAMPU! (grito da torcida baixinho) A TORCI VÁ DELÍR! (grito da torcida baixinho) BLÁ BLÁ BLÁ BLÁ (grito da torcida baixinho).

Depois de o locutor ter deixado de ser claro no que dizia, eu acordo na vida real e estou no quarto com os outros voluntários do acampamento em que eu estou trabalhando. Ao abrir os olhos eu ouço um dos caras roncando muito alto e sincronizado com a trilha sonora do sonho: RRRRROOOOONNNNCCC!!! (expiração baixa) RRRRROOOOONNNNCCC!!! (expiração baixa) RRRRROOOOONNNNCCC!!! (expiração baixa). Achei bem estranho esta influência sonora no meu sonho ter feito sentido.

Três minutos depois, ainda no mundo real, um outro menino berrou: “Não, cara! Volta! Volta! Tá muito na frente!”. Muito estranho. Daí eu perguntei: “O que foi, mano?”. “Ah! Agora não adianta mais, já foi gol…”, ele responde. Obviamente, no dia seguinte eu perguntei para a pessoa se ela lembrava do que tinha dito durante a madrugada e ela disse que não.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Um cruzeiro diferente

O maior cruzeiro do mundo tem 20 andares e um comprimento equivalente a quatro campos de futebol. Claro que o navio do meu sonho era maior. Imaginem uma cidade flutuante, Atlântis fora d’água, ou até uma Sky City marítima. Tinha uma infra-estrutura metropolitana, até.

A história deste sonho começa na escolinha de inglês do navio. A sala era toda branca, sem janela e com carteiras novas e brancas. Na aula estavam presentes colegas do meu colégio, inclusive a Anely (pseudônimo) que, como do seu perfil, pediu para eu sentar o mais rápido possível porque a professora acabara de pedir para os alunos fazerem uma atividade em dupla. Passado uns minutinhos, deu o sinal e ainda faltava coisa para fazer. “Vamos terminar lá em casa rapidinho, Anely. Daí a gente almoça depois, também.”. A dois quarteirões dali já era o meu condomínio de cabines externas e grandes com espaço para a família toda.

Na minha cabine, moravam eu, um cara que era para ser o meu irmão, um cara que era para ser o meu pai e outro cara que era para ser o meu avô (meio ausente). O mais engraçado é que os três eram personagens caricatos ‘a la’ Simpsons: amarelos-ovo e esbugalhados.

Meu irmão tentava cuidar da casa. Como assim tentava? Lá não tinha nada: só havia divisão pros quartos, pro banheiro e uma sala grande só com parede, piso, teto e janela. A Anely, como de sua personalidade na vida real, ficou indignada que não tinha nada. Então o meu irmão foi num pé e voltou no outro, com efeitos visuais e sonoros do papa-léguas, com um tapete enrolado na mão. Ao desenrolá-lo, como sunga e óculos de nadar em toalha de piscina, surgem um mini-system e uma TV com receptor de sinal a cabo. O maluco ligou o som e o sintonizou na rádio de forró e puxou a Anely para dançar.

Enquanto eu via a farra dos dois, meu pai chegou com dois policiais amigos nossos. Achei que eles vieram só para dar um toque no casal dançarino sobre o barulho que eles estavam fazendo para não irritar a vizinhança. Mas, eles entraram em casa de boa, nos cumprimentaram de longe com acenos e foram em direção ao quarto do meu pai. Ao abrirem a porta, os policiais marujos dão de cara com uma mesa de poker e um frigobar com cachaças. Fecharam a porta e fizeram a festa, pelo o que as gargalhadas nos diziam.

Voltando o meu olhar de volta para a sala, estava o meu irmão dançando Lady Gaga sozinho. Creio que, por mais que a Anely gostasse de forró, ela não aturou o cara. E eu, enquanto assistia àquela cena bizarra, estava curtindo a caipirinha de limão que o doido do meu irmão tinha feito.

Eis que a situação do sonho deixa de ser “harmoniosa” e se torna um filme de ação. Os policiais começam a berrar furiosamente com alguém. Eles descobriram algo que nenhum dos outros moradores da casa sabiam: o meu avô era ausente porque ele ficava escondido num laboratório secreto desenvolvendo um explosivo novo para o exército norte-americano. “Como pode fazer isso, vô?”. Os policiais o algemaram, mas um agente especial entrou pela porta de casa e tomou a amostra do produto químico, um líquido viscoso verde fosforescente num tubo de ensaio, da mão do cientista secreto e escapa rapidamente com um dos policiais em sua cola.

O perseguidor entrou em sua viatura e o perseguido em seu conversível (estou falando que o cruzeiro era uma metrópole flutuante). Os dois criam uma perfeita cena de “Velozes e Furiosos” em alto mar! Depois de altos drifts, o agente especial deixa escapulir o tubo de ensaio e ele cai no mar, depois de despencar da altura de 40 andares. O maluco do agente é tão obcecado por cumprir a missão dada a ele (porque foi, ninguém mais, ninguém menos que o governo estadunidense que a ordenou-lhe) que pulou do seu carrão a milhão e mergulhou com uma perfeita entrada de frente. Ele consegue com sucesso sair do fundo das águas, só depois de razoáveis segundos, com a amostra na mão. Uma lancha, surgida do nada, vem para pegá-lo e vai indo embora em direção ao Oeste, onde o sol estava se pondo.

Dali a uma meia-hora, o sol se pôs. Como consequência do sol se pôr, conseguimos ver uma explosão gigantes a quilômetros de distância e o som veio com uma defasagem suficiente para saber que era longe de nós. Baixada a fumaça da explosão, eu volto à realidade.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Mini Power Rangers

O sonho pareceu bem real porque eu o comecei acordando, mas essa sensação de realidade foi só no começo. Eu estava dormindo no banco de trás do Cacau Móvel na USP. Era de tarde e eu tinha parado o carro em um lugar deserto. Eu acordo tão tranquilo, tão tranquilo que eu até demoro um pouquinho para levantar. Eis que, ao levantar e olhar pelo para-brisa a fora, vejo quatro crianças correndo em direção a mim! Em uma fração de segundo, eu me estico e travo as portas do carro. A partir daí já era desconfiável eu estar em uma outra realidade, saber que era um sonho e não realidade. Não é que um dos muleques conseguiu atravessar o capô, o para-brisa e aparecer na minha frente, no banco do passageiro? Fiquei em estado de choque.

Esse instante de estado de choque foi tempo suficiente para o menino atravessador de matéria destravar o carro e outras quatro crianças entrarem. A criança que entrou no banco do motorista, ligou e dirigiu o carro por telecinesia. Quem gosta de Heroes já se tocou que eu acompanho a série. “Você está lascado!”, é o que eles falavam para mim na viagem toda. Saímos daquela região deserta e fomos em direção ao prédio da Engenharia Elétrica da POLI.

Chegando lá, andamos até chegarmos em um lugar inóspito na vida real, porque no sonho havia um monte de outras crianças Uma dúzia, mais ou menos. Me lembrou bastante a árvore dos amigos do Peter Pan. Uma das crianças que me sequestrou pegou a caixa do meu celular que estava no carro e levou para a criançada ver se tinha algo de útil dentro. Apesar de o celular estar no meu bolso, e nem mexeram nele, os muleques ficaram fuçando a caixa e tentando descobrir o que o carregador, o fone de ouvido e o manual faziam, mas claro, nada de muito útil sem o telefone.

Adentrando na base militar delas, eu avisto de longe a Leila (pseudônimo) amarrada e com um pano na boca para não falar. Eu arregalei os olhos e falei: Eu conheço ela! Então, Cacau, o justiceiro, entra em ação novamente. O desafio da vez eram cinco mini power rangers não fantasiados, mas vestidos com roupa normal e suas camisetas eram as respectivas cores dos heróis da televisão e, claro, o menino que atravessou o carro era o líder, o mini power ranger vermelho.

A briga poderia ser algum chefe de um jogo de RPG. Até trilha sonora tinha. Era idêntico: eu escolhia com quem lutar com a maior calma do mundo, um por vez, e os outros ficavam só olhando. O truque era estratégia: usar o golpe certo no inimigo certo e na ordem certa. Cacau era cruel! Dava apenas um soco na cara da mini power ranger amarela, uma japinha, forte o suficiente para deixá-la tonta; mini power ranger vermelho levou chute na cara; mini power ranger azul veio me bater com uma espadinha de plástico e eu a arranquei da mão dele e dei duas na cabeça dele.

Fim de batalha! Cacau vitorioso! As cinco crianças que plagearam os heróis estavam todas arrebentadas e chorando. Feito o resgate da Leila e, quando estávamos saindo de lá, o outro montante de crianças nos circundou com o intuito de vingar o choro dos parceiros. Eu já estava me preparando para brigar com todas elas ao mesmo tempo quando eu acordo meia-hora atrasado para a aula de violoncello.

sábado, 8 de maio de 2010

Sonic à procura do restaurante italiano

Quem nunca jogou Sonic não teve infância. Provavelmente, na noite que eu sonhei eu devia estar lembrando bastante da minha, o dia anterior deve ter sido bem nostálgico. Aquela abertura? A primeira fase, Green Hill? Aquela música inesquecível? Então, o estágio já tinha iniciado com o mesmo layout do jogo original, com as argolas girando e com o cronômetro marcando o tempo, tudo igual e em 2D. A diferença era que o Cacau é quem era a personagem que corria rápido e quem dava as famosas cambalhotas estacionado para dar um dash. Tinha tudo: ponte com piranhas robôs; coqueiro com macacos mecânicos; espinhos branquinhos como a neve; túneis em forma de 'S' e loopings com computadores em cima deles.

No final do estágio o que tem? A placa que o Sonic (quer dizer, o Cacau) passava em alta velocidade e ela girava até parar com a face em que há a imagem do protagonista fazendo um joinha para o jogador. Porém, quando o Cacau passou pela placa de encerramento no sonho aparece um Sentra da Nissan. Foi praticamente a Roleta do Sílvio Santos. Eu estava tanto no clima de correria e pressa que eu nem comemorei a vitória para já ir dirigindoo carrão novo por aí.

O primeiro passeio com o mais novo Cacau Móvel foi um dia chuvoso nas mal-pavimentadas ruas de São Paulo. Eu estava na direção com as irmãs Laís e Laísse (ambos pseudônimos) andando pela região da Vila Sônia à procura de um famoso restaurante italiano que, no mundo real, não tem filial lá. Por extrema coincidência, o restaurante era na rua de uma escola que eu estudei no jardim e no primário, Fernando Pessoa na época. Na viagem, eu fui falando para as meninas dessa minha parte da infância que vivi naquela escola, os traumas e as alegrias que ela me trouxe.

Para quem gostou do Sonic, também houve um pouco de velocidade. Mas, fiquem tranquilos, com o Cacau no volante o perigo não é constante, não. Sonhando então, eu sou o Massa! Mesmo com a pista molhada, eu num perdoava os limites de velocidade, mas tudo com prudência. “Rua tal, tá certo. Número x…”.”Era ali, Cacau!”, disseram as irmãs em conjunto. Freiei o carro até cantarem os pneus e fui de ré até o restaurante. Muito embora o asfalto estivesse um sabão, pisei fundo no acelarador mesmo dando a ré. Enfim, chegamos ao destino desejado. Missão quase cumprida. Fiz a baliza, saímos do carro e eu o travei na trava elétrica. Logo que eu o tranquei, eis que me vem um trailer americano com uma senhora dirigindo em minha direção. Como o sonho já estava com bastante ação, eu consegui não ser atropelado porque eu pulei por cima do Sentra; se eu não tivesse feito isso a casa ambulante teria me pegado com a fina que ela deu no Cacau Móvel.

Eu estava atravessando a rua, em cima da linha amarela dupla contínua quando eu ouço uma voz do além me chamando: “CAU! CAU? CAU!”. Olho para os quatro cantos da terra, para o céu e nada de descobrir a fonte do chamado. Esse final é clássico. Com certeza você já terminou sonho assim. Adivinha quem era me chamando? Claro que tinha que ser a minha mãe falando para eu ir para a aula porque eu estava realmente na hora.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Evil Pick-Up

O sonho começou num shopping grande e branco, novinho, igual ao Shopping União de Osasco, só que tinha bastante movimento. Eu estava passeando sozinho quando eu encontro um amigo meu da POLI, Fernando (pseudônimo), que estava almoçando com mais três conhecidos dele. Detalhe que eram todos grandalhões. Eu cumprimento os quatro e eles já estavam para ir embora. O Fernando me pediu carona porque ele tinha que conversar comigo sobre coisas erradas que ele tinha feito, pelo o que ele me disse. Tá bom, tranquilamente eu levo você para casa, é aqui do lado mesmo.

Pois bem, deu a hora de sair de lá e fomos pro estacionamento. O carro que eu estava era um Grand Livina que era da minha mãe - só em sonho mesmo. Preto, ainda novinho, devia ter de três a quatro meses. Fernando, como um bom engenheiro, teve a idéia de fazer um compartimento para dirigir no teto do carro. Em cinco minutinhos, já tinha um banco com todos os pedais, o volante e toda a fiação para que fosse possível o controle do lado de fora do carro. É, politécnicos eficientes! Ele ligou o carro de lá de cima e eu fui conduzindo até sairmos do estacionamento e, em um instante, estarmos dentro do estacionamento de visitantes do condomínio do Fernando. Missão cumprida, você está entregue. "Valeu, Cacau! Te devo uma!". Na frente da minha vaga tinha uma mureta e eu, diferente da realidade, parei de frente.

Despedidos, eu entrei no carro e o liguei do jeito convencional. O carro não ligou. Tentei mais duas vezes e mesmo assim não foi. Já bateu uma certa afobação em mim. Eis que eu ouço um motor muito forte vindo de longe, um ronco de um motor 4.8, algo do tipo. O barulho começou a ficar mais alto rapidamente. Um tranco absurdo! Sim, uma pick-up preta gigantesca bateu o meu carro contra a parede. Cacau ficou com os nervos à flor da pele porque o carro era de minha mãe, novinho, um super automóvel, e foi ser batido justo quando estava sob minha responsabilidade! Cacau tem a maior sorte do mundo. Saí do carro para descobrir quem foi o calhorda que fez isso. A pick-up era tão grande que tinha três pessoas na segunda cabine e oito no porta-malas, sendo uma delas a Belinda (pseudônimo). O energúmeno do motorista é um uspiano que eu conheci um dia só da minha vida, Cleverson (pseudônimo). Eu me alterei e dei um esporro, mas não cheguei à violência. Todo mundo riu de mim, menos a Belinda que ficou brava e saiu do 4x4 para me defender.

"E agora, José?". Esse era o meu pensamento na hora em que eu acordei e notei algo bom e algo ruim. O bom é que o carro estava intacto; o ruim é que minha mãe não tem um carrão que nem o Grand Livina.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O Trio de Detetives

O sonho começou com uma matéria do Jornal Nacional, nas vozes de William Bonner e Fátima Bernardes: "Foi realizado um transplante de coração num gato, porém foi usado o coração de um rotweiler. O cachorro foi encontrado já morto na rua. Sabe-se que ele foi morto sem ter sido usado nenhum tipo de droga. Mesmo assim, colocaram o coração do cão no felino por não terem encontrado algum gato que pudesse doar o coração." Este era o piloto da notícia.

O câmera e o repórter estavam finalizando a matéria quando encontraram dois motoqueiros de preto cujas motos possuíam uma cesta com saco de lixo nas garupas. Achando estranha a moto, eles foram perguntar o porquê de elas terem sido alteradas. No meio da conversa, o repórter descobre que eles tinham coração de gato em promoção! Sem pensar duas vezes, comprou-o dos traficantes e agradeceu. Mas claro que o tico e o teco do repórter, ao mesmo tempo, estavam raciocinando. "Como é que os caras tinham coração de gato neste exato momento? Não pode ser uma coincidência." Como bom jornalista, seguiu-os até escurecer a fim de descobrir o negócio deles.

As motos entraram na garagem de uma casa. O repórter e o câmera param o carro um pouco antes da garagem. Conseguem pular a mureta e entram no jardim que estava cheio de mosquito, quase um enxame, saindo de uma janela lá perto. Ela era um pouco mais alta, então o repórter deu um pézinho pro câmera subir e alcançá-la. A imagem obtida pela câmera foi de um corpo todo destroçado e apodrecido, estava quase azul de tanta podridão, sem contar o aroma de carne fora da geladeira depois de uma semana. Logo que o câmera desceu com a super filmadora, os motoqueiros os capturaram e os levaram para um outro quarto do qual eles nunca mais saíram no período do sonho.

Após o final dessa matéria com esse terrível sequestro, eis que entram em ação o trio de detetives: Guilherme (pseudônimo)  é um rapaz não tão alto e seria o responsável pela infiltração no prédio e a espionagem; Luis (pseudônimo) é um senhor de óculos e cabelo grisalho super simpático e seria o cérebro que analisaria os melhores métodos; Cacau seria o último integrante e também quem cuidaria do cumprimento da missão caso fosse necessário o uso de força bruta.

Bolados os planos e preparado todo o equipamento necessário, fomos para o destino desejado. Invadimos a casa da mesma maneira que os jornalistas raptados com muita cautela, tanta cautela que avistamos um dos motoqueiros de costas. Com classe e habilidade, Guilherme chega por trás dele e põe um pano com clorofórmio no rosto. Meia missão cumprida! Um deles já estava desmaiado no chão! Até que foi fácil para mim e pro Luis. Valeu, Guilherme.

Continuando a infiltração na casa para terminar logo a missão, nos surge uma figura: uma menina pálida de cabelos negros e longos cobrindo o rosto. Sim, seria uma Samarazinha. Mas depois ela mostrou o rosto e era uma criancinha de 9 ou 10 anos simpática, muito embora a situação dela a não fosse. Ela nos conta que precisava ter o coração transplantado porque colocaram o de um cachorro nele que estava funcionando tão bem quanto uma bexiga de criança (cadê esse fornecedor calhorda e esse cirurgião incompetente para eu dar uma lição neles?). Ok, garotinha, nós faremos o possível por você.

Depois de confirmamos o pedido dela, o outro motoqueiro nos vê e vem para cima de nós com um fio elétrico sem proteção e dá um choque certeiro no Guilherme. A corrente era tão intensa que ele caiu no mesmo instante. Luis fica louco de verdade e começa a socar e a chutar o nada. Até eu fiquei com vontade de dar um choquezinho nele para ver se ele voltava à realidade, mas o assassino o fez e Luis caiu ao lado de Guilherme. Já estava 2x0. Agora tinha que ser o gol fora de casa que nos daria a vitória. Quando eu pensei em vingá-los, inicia-se uma sonoplastia de tiro muito bem feita e em altíssimo volume. Ou seja, um monte de tiro que eu não distingui nem de onde vieram e nem para onde foram. Esse barulho atordoante me desconcentrou e deu a deixa para o traficante remanescente dar o choque em mim. Para a minha sorte, ele não deu com tanta eficiência e ainda continuei acordado e "me fingi de morto" e caí ao lado de meus parceiros. O assassino, pensando que ganhou o campeonato por 3x0, não se tocou que foi gol anulado e deu meia-volta. Virando de costas para mim, eu levanto e com agilidade eu tomo o fio desprotegido de sua mão e  foi a minha vez de dar um choque. E não é que o canalha nem sentiu cócegas? Acho que pelo menos as cócegas ele sentiu porque ele começou a rir da minha cara, pegou o fio de volta para me dar o segundo golpe elétrico.

Para o meu alívio, neste exato instante surge da escuridão uma voz feminina berrando para que parássemos. Nos aparece uma moça bonita que tinha dois corações e que poderíamos pegar um deles para a menina. Obedientemente, paramos tudo e fizemos o transplante de um deles para a garotinha. Isso dispensa detalhes...

Salvamos a vida de uma criança! Trouxe alegria a todos naquele momento. Foi um final contente, não muito feliz. Como gratidão, o motoqueiro que me ajudou na cirurgia mostrou seu rosto. Diego (pseudônimo). Toda a mutreta criada foi esquecida e nós todos começamos a nos dar bem, tão bem que tiramos uma foto de nós sete sorrindo ao lado dos corpos do repórter e do câmera. Por isso que eu digo que o final foi, apenas, contente.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A Estupefata Pescaria

Esse sonho eu o tive em 2002, quando eu estava no auge dos meus 12 anos. O sonho foi tão estupefato mesmo que eu nunca vou me esquecer dele.

Eu estava em casa num pacato dia de férias escolares, o tempo estava chuvoso. Toca a campainha logo cedo e eu tive de sair da cama para atendê-la. "Entrega do SEDEX!". Olhei pelo olho mágico e vi o carteiro com as cores da POLI: azul e amarelo. "Encomenda para o Sr. Lucas. Ele estaria em casa, garoto?" - Sou eu mesmo. "Desculpa então. Tem um envelope dentro desta caixa, o remetente anônimo mandou avisar. Assine aqui, por favor.". Feito. O carteiro ficou para me ver abrir o pacote grande e comprido. Era uma vara de pescar dourada com um anzol todo estilizado, parecia uma jóia. Depois de admirá-la por um bom tempo, o carteiro me lembrou da mensagem. Nela estava escrito: "Pesque os sete animais sagrados. Você saberá onde eles estão.". Tá bom então, com esse recado sucinto, parti de pijama mesmo.

Lá fui eu para a grande jornada. Logo fechei a porta de casa e dei dois passos até me dar conta de que eu não fazia idéia aonde eu iria pescar. Foi então que eu ouvi um rugido muito próximo de mim, mas eu não avistava a fera. No terceiro rugido, eu consegui reconhecer que o rugido vinha do bueiro logo ali. Não pensei duas vezes: atirei o anzol esgoto abaixo. O bicho fazia uma força desgraçada mas, depois de uma briga boa, consegui puxar um tigre do bueiro. Arregalei os olhos! Não é todo dia que se encontra um tigre no esgoto. Apesar de sair de um lugar imundo e repugnante, aquele tigre só podia ser sagrado, e a vara mais ainda para aguentar um bicho daquele tamanho. Na hora eu nem pensei numa criancinha de 12 anos com força descomunal. Quando o animal deixou aquele ambiente desagradável por completo, ele veio a falecer, coitado. Enfim, um tinha ido. Faltavam seis.

Hoje eu já não me lembro de todos o animais e nem de todos os locais, mas eram tão inusitados quanto. Me lembro de que pesquei um urso num riacho perto do laranjal do MAB (Mocidade da Ação Bíblica); um búfalo no laguinho do quiosque do MAB; um javali no lago do sítio em Atibaia. Infelizmente e felizmente, todos os animais vinham a falecer logo que saíam da água (claro, não queria um feroz urso desse tamanho correndo atrás de mim para me matar). Era como se fosse um ritual cumprido sete vezes seguidas.mas o animal sagrado final eu me lembro.

O sonho foi um tanto corrido. Tinha pescado seis animais de grande porte em lugares distantes um do outro e o céu ainda estava claro no Rio de Janeiro. Ainda de pijama, eu subi correndo uma gigante escada em espiral que construíram no Pão de Açúcar, junto com uma ponte que ligava os dois morros. Havia uma galera do meu colégio da 5a série, o Magno, me motivanto: Vai, Cacau! Falta um só! Todos subiram correndo comigo. A escada dava na compridíssima ponte, excessivamente alto estava um dos ícones da capital carioca, o sol estava forte, tudo isso para fazer aquela pressão do último chefão. Como a vara era sagrada, o fio conseguiu alcançar o mar (sim, havia mar entre os dois montes do Pão) que estava a centenas de metros de altura. O anzol fez aquele barulhinho único ao entrar na água, glup. Todos ficaram quietos; só se ouvia o vento e gaivotas, aquela perfeita "trilha" sonora de pescaria de filme americano. Eis que acontece o famoso oxímoro vivenciado pelos melhores pescadores: como se é esperado em qualquer boa pescaria, inesperadamente a vara é puxada bruscamente. Ainda continua aquele silêncio que apenas me deixava mais tenso com a situação. Imaginem só: uma missão um tanto exótica e, definitivamente, estupefata, com a caça de animais gigantes e ferozes feita por um menininho, que inclusive se dizia sagrada, estava para ser cumprida.

A força do último animal sagrado era maior do que a dos outros seis somados, acreditem se quiser. Foi muito difícil eu não ter sido puxado por ele. Além da força contrária a mim, ele se locomovia para a direita e para a esquerda rapidamente também. Acompanhá-lo estava complicadíssimo. Foi então que eu o puxei com todas as minhas forças um mero camarão. Esse sim era o mais sagrado de todos. Como é que um camarão pode ser mais forte de que um urso apenas? O ser conseguiu me dar mais trabalho que um tigre, um búfalo, um urso, um javali e mais dois grandes mamíferos.

"Ae, Cacau! Uhul! Você conseguiu!". A galera do Magno comemorava por mim que estava exaustíssimo por ter pescado um camarão com uma super vara de pescar e ainda de pijama. Tão exausto que eu não me aguentei em pé e caí da ponte. A queda foi muito longa e dramática. Mais uma vez, a "trilha" sonora foi bem feita: somente se ouvia o barulho do vento durante a queda e, quando eu caí na água, só consegui ouvir as bolhas que fiz ao entrar. Na minha frente surge, nada mais, nada menos, que um tubarão. Quando ele parte para cima de mim e me abocanha, eu acordo com as pernas dormentes por causa da "queda".