Sonhos do Cacau

Teoria dos Sonhos
De acordo com Sigmund Schlomo Freud (1856-1939), os sonhos são lembranças e reais desejos guardados na sua sub-consciência que revelam-se durante o sono, consciente em seu total domínio sobre o seu pensamento - quando estamos acordados, é quem impede essas imagens de mostrarem essa realidade oculta no sub-consciente.
Carl Gustav Jung (1875-1961) alega que os sonhos possuem um papel mais abrangente, que não seriam apenas reveladores de desejos ocultos, mas sim, uma ferramenta da psique que busca o equilíbrio por meio da compensação. Jung aponta os sonhos como forças naturais que auxiliam o ser humano no processo de individualização através da averiguação das posições que o protagonista no sonho (ego) toma diante dos desafios propostos.
Muito embora Freud afirma que as situações absurdas presente em sonhos arquetípicos, Jung diz que essa é a forma própria do sub-consciente de se expressar.

terça-feira, 19 de abril de 2016

O Condomínio da Luxúria

Era um dia qualquer para vaguear por aí com dois ex-colegas e amigos da faculdade. Eles só estudavam e eu estava matando horário do trabalho, dizendo que tinha ido pra obra mas tinha ido passear de carro com os moleques. Os dois tomaram a direção, sentados nos bancos dianteiros do automóvel e eu estava sentado no banco traseiro com uma loira bem bonita. A ideia era chegar a um condomínio residencial para eu conhecer um terreno e averiguar a possibilidade de levantar um empreendimento.

No percurso, eu fui fazendo amizade com a outra passageira que iria parar no meio do caminho para ir para a aula na faculdade dela. Contudo, o percurso era longo e ela se acomodou, deitou no banco com as pernas no meu colo. Neste instante, o mundo escureceu e a minha aliança reluziu e eu comentei: “Moça, eu não iria gostar se eu visse a minha esposa numa situação parecida com essa. Tem como você se levantar, por favor, por respeito a ela?”. Ela levantou na mesma hora, mas até agora eu não sei se foi porque eu pedi ou porque já tínhamos chegado ao seu destino, e partiu. E nós também.

Enquanto o carro acelerava, os malandros do banco da frente comentavam entre si frases como “Cara, que delícia!”, “Perdeu essa, Cacau!” e “Podia ao menos ter passado o jogo pra mim, né?”. Passados alguns quilômetros, a avenida tinha se tornado em uma ruazinha com mais grama do que terra bem na beira de um morro, com direito a vários brinquedos de criança jogados bem no meio do caminho que tínhamos que seguir em diante. Desta forma, eu saí do carro e retirei um pianinho de cauda cor-de-rosa, um zoológico de Lego, um cavalinho branco de balanço e até um triciclo enferrujado.

Após ter retirado os obstáculos, pudemos prosseguir e, naquela tarde ensolarada, chegamos ao nosso destino, o condomínio que tinha uma das portarias mais bonitas que eu já tinha visto com meus próprios olhos! Assim que o porteiro nos liberou, avistei várias casas enormes, com três andares e esquadrias douradas, de padrão altíssimo. O sol brilhava de um jeito extraordinário naquele lugar, e o terreno no qual eu estava interessado, para a minha surpresa, não ficava tão longe da portaria. Contudo, a área dele era metade da área de seus vizinhos. Mesmo assim, fiquei empolgado para fazer um projeto que surpreenderia pelo menos o dobro do que as outras casas tinham me impressionado.

Durante o conhecimento do terreno, avistamos uma colega nossa, de cabelo escuro, que, aparentemente, era moradora do condomínio. Ela surgiu sorridente, de vestido e alegre com a presença de nós três. Nos cumprimentou com sua simpatia natural e acompanhou o nosso estudo visual do terreno. Ela ficou ali, assistindo e comentando.

Foi-se entardecendo e escurecendo repentinamente, e os meninos sumiram no crepúsculo. Ficamos apenas eu e a morena, sem direito a iluminação artificial obrigatória de um condomínio residencial. Subitamente, ela alterou o seu rosto e disse: “Cacau, olhe o que você está perdendo.” Logo em seguida, ela saiu correndo para o quintal de uma casa vizinha, mergulhou de bruços na grama e começou a se esfregar no chão. Quando eu me aproximei para ver se estava tudo bem, notei que um rapaz brotou da terra e eles estavam se beijando deitados. Eis que após eu ter avistado esta cena horrorosa, vários outros “zumbis” de ambos os sexos escavavam para fora da terra e começavam a se beijar e a se acariciar.

Enquanto a suruba rolava solta no quintal, a minha colega virou pra mim nervosa e indagou: “Vem curtir só um pouquinho! Sua esposa nunca vai saber que isso aconteceu! Vem, eu quero você!”. Minha resposta: “Mas eu amo a minha esposa, e só quero ela para mim.”. A réplica dela: “Eu não tô nem aí, eu quero você. Venha me curtir!”. Minha tréplica: “Não posso, eu me entregu...”
Não pude nem completar a frase. O sol raiou como se fosse meio-dia e a morena ficou irada comigo! Exaltada, exclamou: “Como você pode dizer que se entregou por ela? Só porque é algo que Jesus fez por você não quer dizer que você tenha que fazer isso por alguém! Ela nunca iria nem desconfiar, seu frouxo! Idiota!”. Enquanto ela continuava a me xingar e a balbuciar, ela e os outros zumbis se desfaziam que nem areia sendo levada pelo vento.

Assim que todos se desmancharam, eu me deparo sentado na mesa do escritório de casa, com uma iluminação de aurora, diante de uma bíblia aberta sobre essa mesa. Então escuto uma respiração suave e tranquila na porta da entrada da casa. Ao me levantar da cadeira para me dirigir para a porta, eu acordei na vida real e me deparei com a dona desta respiração: minha linda esposa dormindo tranquilamente com o rosto virado para mim.


E foi assim que comecei meu dia, sabendo que somente com a fé é que é possível agradar a Deus e que o que faz o casamento durar é basear a sua história de amor na história de Amor de Cristo e a Igreja.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Animal Kart

O sol já tinha nascido há poucas horas e começara a derreter a neve vinda da noite anterior que remanescia no chão e nos galhos e nas copas dos pinheiros da floresta. Eis que ouço a ignição motores de kart, bem agudos. Vários deles. Observando o cenário de outra perspectiva, reparei que havia uma pista de kart de terra com troncos a demarcando, no lugar dos tradicionais pneus coloridos. Porém, havia algo incomum com os pilotos.

Ao invés de os motoristas serem encanadores italianos e bigodudos, princesas, tartarugas, cogumelos, macacos ou dinossauros, eles representavam duas equipes distintas: os Some-Rato (equipe composta por gatos) e os Some-Gato (analogamente, equipe composta por cachorros).

Preparar. Apontar. PÁ! Foi dado o tiro de largada!

A largada foi menos agressiva do que o esperado e as primeiras cinco posições alternada entre gatos e cachorros. Felizmente, a neve não diminuía tanto o atrito das rodas na terra. No decorrer da corrida, os membros do Some-Gato mostraram a sua cara e começaram a dirigir violentamente, fechando os oponentes felinos sem dó e nem piedade.

Em certo momento, os melhores pilotos das equipes adversárias, um doberman e um siamês, estavam bem na frente dos demais, mas próximos um do outro. O gato estava na dianteira e o cão vinha acelerando bem depressa. O cachorro preto era bem feroz, me lembrou até dos cachorros zumbis do jogo Resident Evil, e estava mostrando os dentes e rosnando para o gato bege e gordo. O cachorro além de agressivo foi trapaceiro e empurrou o gato com tanta intensidade que fez com que ele saísse da pista. Vendo isso, uma parte dos mecânicos do Some-Rato se esconderam atrás de um pinheiro próximo de onde ocorreu o empurrão.

Depois desta injustiça e algumas voltas, o doberman conseguiu manter a liderança com uma ótima distância do gato siamês que conseguiu retornar à pista na mesma posição. Ao aproximar-se do pinheiro onde os gatos mecânicos se esconderam, o doberman malvado se assusta com a súbita aparição de um integrante do time do Some-Cão: um urso sai de trás desse pinheiro! O urso era grande e já rugia ao pular pra perto do cão, o que lhe causou tanto medo que capota o kart e fugiu a pé mesmo. Quer dizer, fugiu "a pata".

Contudo, o urso não era bem um urso. Na verdade, os gatos mecânicos se juntaram, entraram em uma fantasia e se disfarçaram de urso. Os gatos compunham o tronco do animal selvagem, enquanto um deles manejava as duas pernas-de-pau. Os braços tinham enchimento, as garras eram de plástico cinza, estavam mal pintadas e coladas com fita crepe. Não foi colado nem com durex transparente para disfarçar. Os rugidos eram gravados e reproduzidos através de um alto-falante que fora posicionado na boca da fantasia. E, por serem vários gatos, o gato equilibrista que tomava conta das pernas do urso tinha dificuldade para andar e todo o animal cambaleava. Ainda assim, essa gambiarra toda cumpriu o seu dever de assustar o doberman trapaceiro.

Por conta do W.O., a bandeira xadrez de chegada foi balanceada para o gato siamês e eu acordei logo em seguida, perdi a celebração da vitória.

terça-feira, 6 de março de 2012

Amigos não tão imaginários

Este sonho começa comigo e um cara branco de cabelo moreno conversando em uma praça de uma típica cidadezinha de interior. Ele me explicava que eu e três amigos meus tínhamos a capacidade de enxergá-lo e enxergar muitas pessoas que o resto da cidade não conseguia enxergar. "É como se você fosse imaginário e estivesse apenas na cabeça de mim e dos meus amigos?" eu perguntei, e ele respondeu "É, fique a vontade em ver desta forma, Cacau. Gostei da comparação." e me deu um sorriso amigo ao final. Acabado o diálogo, nos levantamos e na saída da praça nos deparamos com estes três amigos meus (que na minha vida real são ilustres desconhecidos) e mais uma meia dúzia de parceiros e parceiras deste recém-conhecido. Todos foram com a cara dos outros e foi sugerido irmos ao bar mais famoso da cidade. Mediante a mútua concórdia, entramos na Kombi do meu amigo e nos dirigimos ao destino pretendido.


Na Kombi conheci uma moça [imaginária] branca de cabelo escuro, olhos verdes e lábios bem carnudos e ela veio puxar assunto comigo. Indo direto ao ponto, ela comentou que eu poderia beijá-la e não teria problema nenhum, seria apenas um beijo. Não foi por orgulho não, mas eu tive que recusar uma mulher que, por mais sedutora que fosse, não se dava o menor valor, por maior invenção da minha mente que ela fosse.


O motor barulhento desligou. Chegamos. Antes de sairmos da perua, todos os amigos imaginários tinha se transfigurado para a versão de cor negra das pessoas que se apresentaram para nós, assim como a Mística do X-Men tem o poder de assumir formas de pessoas diferentes. Primeira impressão do estabelecimento: Cosmópolis tem botecos maiores e melhores que aquele bar; era ao menos o melhor mesmo da cidade por conta do número de pessoas ali, que era grande. Havia mesa de sinuca e poucas mesas livres. Nos adentramos e procuramos por pelo menos um par de mesas pra juntar todo mundo. Enquanto elas não eram providenciadas, eu fui com o conhecido da praça, o do início do sonho, para uma mesa sem cadeira dando sopa perto da porta da cozinha.


Por falar em sopa, o cara pegou dois potes de sorvete e a meia garrafa de vinho que tinha sob o balcão da frente. "Quem não tem cão, caça com gato, né Cacau?" concluiu ele enquanto ele sacava a rolha e enchia os potes com o vinho. Mais estranho que isso foi o imaginário derramar quase tudo pra fora dos recipientes. Ele os enchia com pressa e com as mãos tremidas. Estava visivelmente (para mim, pelo menos) nervoso. Em meio ao nervosismo, a garrafa se esvaziou e ele foi até a cozinha, na minha cabeça, para pegar mais vinho. Aproveitando que ele é imaginário, por que não?


Neste momento eu passei a ouvir o que o maluco ouvia e não mais dos meus ouvidos. Assustado, eu continuei de pé e olhando estaticamente para a porta da cozinha e comecei a escutar a voz de uma das cozinheiras cantarolando. Pelo timbre eu supus que ela tivesse entre 50 e 60 anos. Instantes depois, a cantoria cessa e a mulher exclama: "O que está acontecendo? Eu não consigo me mexer! Soc... Hm! Hm! Hm!". Isto foi o espírito segurando a mulher por trás e depois fechando a boca da abordada que agora apenas tentava se soltar. "Shhh! Fica quieta, sua *adia que dá pra todo caminhoneiro de fora da cidade! Vai acabar logo!" cochichou o cara. E eu deixei de escutá-la se debatendo e só escuto um TUM e gritos histéricos das outras cozinheiras. Uma faca tinha sido enfiada nas costas da mulher e ela tinha morrido na hora.


Esses gritos me atordoaram até a hora que eu acordei.


Eu fiquei branco de medo e até um garçom veio me perguntar se estava tudo bem. Não respondi nada a ele e fui embora andando com passos rápidos. E não fui só eu como mais os meus amigos, os amigos "imaginários" e mais metade do bar que também era imaginária, e todos estes eram negros. A outra metade do pessoal presente no bar continuou a tomar a sua cerveja, os seus drinks e a jogar sinuca como se nada houvesse acontecido.


Ao sair do estabelecimento, a mulher que eu conheci na Kombi começou a me acompanhar e me dizendo: "Vamos indo, não para não! O cara fez o que ele tinha que fazer!". E eu entrei na famosa perua branca e eu acordei ainda transtornado com o grito das cozinheiras ao verem o assassinato sem assassino.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Uma prova e tanto

Eu achava que estaria livre das provas de Geografia desde que passei no vestibular. Me enganei. Sonhei com uma. A prova nem tinha sido entregue e o pessoal que estava na sala dizia que a prova estava difícil. Fiquei apavorado e comecei a revisar um exercício de topografia com um amigo meu colombiano. Disseram que iria cair na prova, então já queriamos garantir uns pontos.

Passaram só cinco minutos de revisão e o professor grande, gordo, barbudo e de óculos estava entregando a prova para a sala toda. Porém, faltaram quatro provas: uma para mim; uma para o Alessandro; uma para Thaísa; uma para Gisela (pseudônimos). O Alessandro ficou muito bravo com a falta de competência do pessoal da xerox e foi tirar satisfação com o professor. Foi super grosso ele, mas veio a calhar: nos deram um pão pulman sem a casquinha da borda para dividirmos entre nós quatro enquanto esperávamos o professor voltar com as provas impressas. Só rendeu uma mordida para cada um, no final das contas.

Finalmente, o professor volta. Todavia, com apenas um papel na mão. “Tive a idéia de formular uma prova original para vocês. Uma prova que deve ser feita em grupo contendo quatro integrantes.” Desde aí eu tive certeza de que provas de Geografia são traumatizantes.

A prova tinha três questões dissertativas, sendo que, a que mais valia dentre estas, valia três pontos e cobrava conhecimentos topográficos. O exercício pedia para que traçássemos uma estrada com os caminhos desviados pelo relevo das montanhas ou, caso a montanha seja muito grande, cortá-las com a construção de túneis. Uma das outras duas questões remanescentes (valia dois pontos) pedia que descorressemos sobre o meio ambiente inteiro. Sim, era esse mesmo o enunciado: descorra sobre o meio ambiente inteiro. Já foram cinco pontos. Os outros cinco foram parar na última e maior questão.

Essa questão mais valiosa era praticamente uma paródia aos 12 trabalhos de Hércules. Nós quatro tínhamos que ir para uma mansão com um monte de salas com desafios dentro delas. O “exercício” pedia que realizássemos os 12 desafios que haviam dentro deste casarão antes que o tempo para realizarmos prova se esgotasse. Certo. A estratégia foi nos dividirmos e cada um procurar por três desafios diferentes. Matematicamente justo.

A chegada à mansão era um perfeito filme de terror: céu nubladíssimo, bem escuro, e ainda chovia forte com direito a trovões. Entramos e, logo em seguida, nos separamos para agilizar o processo. Eu saí correndo para a primeira sala com uma placa pendurada na porta escrita DESAFIO. Iria começar o meu primeiro “trampo”. O objetivo era coletar todos os Lemmings que saíssem dos buracos de rato. Ao entrar no quarto, vi que no lado de dentro da porta tinham as instruções coladas que concluiam: aperte o botão vermelho para começar. Eu apertei e nada aconteceu. Passou uns segundos eu comecei a ouvir um barulho de muitos ratos andando no lado de dentro das paredes. Era muito Lemming! Quanto cabelo verde! Deviam ser uns mil Lemmings andando em linha reta a partir das quatro paredes. Eu tinha que coletá-los com um cesto de roupa suja, todo furado. Mas, depois de muita dificuldade, deixando vários escorregaram e atravessarem os furos, consegui cumprir a primeira missão.

Ao sair da sala eu volto para o corredor com várias portas com placas DESAFIO penduradas. Abri a porta da frente do desafio dos Lemmings e me dou de cara com a Gisela se debatendo no meio de um monte de morcegos que a sobrevoavam. Mas ela conseguiu berrar para mim dizendo que esse era o desafio dela: ficar sozinha sem berrar com esses morcegos por um minuto. Está certo, Gisela. Vou te deixar a sós com eles, então. Fechei a porta e abri a porta ao lado.

Esta porta escondia o meu segundo desafio: pegar um fantasma. Pena que eu não tinha nenhum aspirador de pó para me auxiliar nessa tarefa. Já ví vídeo-aulas e controlei um simulador virtual disso, mas claro que tinha que ser diferente de tudo o que eu tinha aprendido, que nem na vida real. A sala era escura e o fantasma surgia da negritude da mesma forma que o vagalume acende a sua luz. Eu não podia perder a oportunidade de pular para cima do fantasma na hora que ele aparecesse, antes que ele sumisse novamente. O fantasma parecia o Gengar, só que este usava coleira. Eu tinha que pegá-lo pela coleira para domá-lo e cumprir o desafio. Depois de uma dúzia de tentativas, consegui. Capturei-o pela coleira. Saí da sala avançando para o próximo e último desafio.

Enfim, cheguei ao destino final, o terceiro desafio. Havia uma mesa comprida, como aquelas do rei medieval, com uma caixa de madeira com o mesmo comprimento da mesa. Era um labirinto. Tinha um queijo ali do lado. Só faltava o camundongo de laboratório. Ele é pequeno o suficiente para trafegar pelo labirinto sem maiores dificuldades. Contudo, tinha que haver uma incoerência para ser comparado a um trabalho de Hércules: o rato era um hamster gordo e burro. Eu usava o queijo como guia, mas ele também não devia nem gostar de queijo. O bicho era desobediente.

E foi dada a largada da corrida do Hamster contra o tempo! Ele andava morbidamente, para ajudar o grupo e a entrega da prova. Contudo, às vezes o bicho andava por corredores compridos e chegava em becos sem saída. Depois de ele contornar várias daquelas buscas, ele deu de cara com um corredor que dava na porta de saída que tinha um queijo maior que o da minha mão na fente. Então o hamster saiu correndo desesperado, como um gordo mórbido. Ei, é o que ele era mesmo! Porém, caiu uma jaula nele por ter corrido e eu acabei perdendo o desafio. Você, leitor, deve estar com mais pena do bicho enjaulado do que de mim, isso sim.

Após eu ter realizado os três desafios de minha cota, fui para o gigante hall da mansão esperando com a Thaísa, que foi a mais veloz do grupo, os outros terminarem também. Pouco tempo depois, Alessandro e Gisela aparecem. Acabados, voltamos para a sala e entregramos a prova. Ainda estamos o professor corrigí-la porque eu acordei depois de dá-la em suas mãos.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Um pouco de futebol

Na madrugada da decisão do terceiro colocado da Copa do Mundo 2010, eu estava sonhando com uma filmagem antiga futebolesca. Gravada no Maracanã na década de 60 , ela mostrava a torcida brasileira nas arquibancadas fazendo a maior algazarra em prol da motivação dos jogadores que estavam para entrar em campo. Seria um amistoso entre Brasil e Espanha.

Por ser antiga, a filmagem estava tanto com a qualidade da imagem quanto o volume do som baixos. Porém, isto não impedia em nada de vermos a farra dos brasileiros que, mesmo sem vuvuzelas, não cessavam por nem um segundo. Na situação, a filmagem estava sendo editada (muito mal por sinal) e estavam colocando a voz de um locutor com voz bem grave e provavelmente idoso por locutar pausadamente.

O que acontecia, e que incomodava bastante, era a voz do senhor estar muito mais alta que aquele barulho todo que a torcida fazia. Durante as pausas da locução é que se ouvia os brasileiros ao fundo. Era mais ou menos assim: OLÁ, BRASILEIROS FANÁTICOS! (grito da torcida baixinho) HOJE TEMOS UM GRANDE AMISTOSO! (grito da torcida baixinho) BRASIL E ESPANHA AQUI NO MARACANÃ! (grito da torcida baixinho). Mais pra frente, as locuções começaram a se enroscar: OS JOGADORENTRAM IM CAMPU! (grito da torcida baixinho) A TORCI VÁ DELÍR! (grito da torcida baixinho) BLÁ BLÁ BLÁ BLÁ (grito da torcida baixinho).

Depois de o locutor ter deixado de ser claro no que dizia, eu acordo na vida real e estou no quarto com os outros voluntários do acampamento em que eu estou trabalhando. Ao abrir os olhos eu ouço um dos caras roncando muito alto e sincronizado com a trilha sonora do sonho: RRRRROOOOONNNNCCC!!! (expiração baixa) RRRRROOOOONNNNCCC!!! (expiração baixa) RRRRROOOOONNNNCCC!!! (expiração baixa). Achei bem estranho esta influência sonora no meu sonho ter feito sentido.

Três minutos depois, ainda no mundo real, um outro menino berrou: “Não, cara! Volta! Volta! Tá muito na frente!”. Muito estranho. Daí eu perguntei: “O que foi, mano?”. “Ah! Agora não adianta mais, já foi gol…”, ele responde. Obviamente, no dia seguinte eu perguntei para a pessoa se ela lembrava do que tinha dito durante a madrugada e ela disse que não.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Um cruzeiro diferente

O maior cruzeiro do mundo tem 20 andares e um comprimento equivalente a quatro campos de futebol. Claro que o navio do meu sonho era maior. Imaginem uma cidade flutuante, Atlântis fora d’água, ou até uma Sky City marítima. Tinha uma infra-estrutura metropolitana, até.

A história deste sonho começa na escolinha de inglês do navio. A sala era toda branca, sem janela e com carteiras novas e brancas. Na aula estavam presentes colegas do meu colégio, inclusive a Anely (pseudônimo) que, como do seu perfil, pediu para eu sentar o mais rápido possível porque a professora acabara de pedir para os alunos fazerem uma atividade em dupla. Passado uns minutinhos, deu o sinal e ainda faltava coisa para fazer. “Vamos terminar lá em casa rapidinho, Anely. Daí a gente almoça depois, também.”. A dois quarteirões dali já era o meu condomínio de cabines externas e grandes com espaço para a família toda.

Na minha cabine, moravam eu, um cara que era para ser o meu irmão, um cara que era para ser o meu pai e outro cara que era para ser o meu avô (meio ausente). O mais engraçado é que os três eram personagens caricatos ‘a la’ Simpsons: amarelos-ovo e esbugalhados.

Meu irmão tentava cuidar da casa. Como assim tentava? Lá não tinha nada: só havia divisão pros quartos, pro banheiro e uma sala grande só com parede, piso, teto e janela. A Anely, como de sua personalidade na vida real, ficou indignada que não tinha nada. Então o meu irmão foi num pé e voltou no outro, com efeitos visuais e sonoros do papa-léguas, com um tapete enrolado na mão. Ao desenrolá-lo, como sunga e óculos de nadar em toalha de piscina, surgem um mini-system e uma TV com receptor de sinal a cabo. O maluco ligou o som e o sintonizou na rádio de forró e puxou a Anely para dançar.

Enquanto eu via a farra dos dois, meu pai chegou com dois policiais amigos nossos. Achei que eles vieram só para dar um toque no casal dançarino sobre o barulho que eles estavam fazendo para não irritar a vizinhança. Mas, eles entraram em casa de boa, nos cumprimentaram de longe com acenos e foram em direção ao quarto do meu pai. Ao abrirem a porta, os policiais marujos dão de cara com uma mesa de poker e um frigobar com cachaças. Fecharam a porta e fizeram a festa, pelo o que as gargalhadas nos diziam.

Voltando o meu olhar de volta para a sala, estava o meu irmão dançando Lady Gaga sozinho. Creio que, por mais que a Anely gostasse de forró, ela não aturou o cara. E eu, enquanto assistia àquela cena bizarra, estava curtindo a caipirinha de limão que o doido do meu irmão tinha feito.

Eis que a situação do sonho deixa de ser “harmoniosa” e se torna um filme de ação. Os policiais começam a berrar furiosamente com alguém. Eles descobriram algo que nenhum dos outros moradores da casa sabiam: o meu avô era ausente porque ele ficava escondido num laboratório secreto desenvolvendo um explosivo novo para o exército norte-americano. “Como pode fazer isso, vô?”. Os policiais o algemaram, mas um agente especial entrou pela porta de casa e tomou a amostra do produto químico, um líquido viscoso verde fosforescente num tubo de ensaio, da mão do cientista secreto e escapa rapidamente com um dos policiais em sua cola.

O perseguidor entrou em sua viatura e o perseguido em seu conversível (estou falando que o cruzeiro era uma metrópole flutuante). Os dois criam uma perfeita cena de “Velozes e Furiosos” em alto mar! Depois de altos drifts, o agente especial deixa escapulir o tubo de ensaio e ele cai no mar, depois de despencar da altura de 40 andares. O maluco do agente é tão obcecado por cumprir a missão dada a ele (porque foi, ninguém mais, ninguém menos que o governo estadunidense que a ordenou-lhe) que pulou do seu carrão a milhão e mergulhou com uma perfeita entrada de frente. Ele consegue com sucesso sair do fundo das águas, só depois de razoáveis segundos, com a amostra na mão. Uma lancha, surgida do nada, vem para pegá-lo e vai indo embora em direção ao Oeste, onde o sol estava se pondo.

Dali a uma meia-hora, o sol se pôs. Como consequência do sol se pôr, conseguimos ver uma explosão gigantes a quilômetros de distância e o som veio com uma defasagem suficiente para saber que era longe de nós. Baixada a fumaça da explosão, eu volto à realidade.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Mini Power Rangers

O sonho pareceu bem real porque eu o comecei acordando, mas essa sensação de realidade foi só no começo. Eu estava dormindo no banco de trás do Cacau Móvel na USP. Era de tarde e eu tinha parado o carro em um lugar deserto. Eu acordo tão tranquilo, tão tranquilo que eu até demoro um pouquinho para levantar. Eis que, ao levantar e olhar pelo para-brisa a fora, vejo quatro crianças correndo em direção a mim! Em uma fração de segundo, eu me estico e travo as portas do carro. A partir daí já era desconfiável eu estar em uma outra realidade, saber que era um sonho e não realidade. Não é que um dos muleques conseguiu atravessar o capô, o para-brisa e aparecer na minha frente, no banco do passageiro? Fiquei em estado de choque.

Esse instante de estado de choque foi tempo suficiente para o menino atravessador de matéria destravar o carro e outras quatro crianças entrarem. A criança que entrou no banco do motorista, ligou e dirigiu o carro por telecinesia. Quem gosta de Heroes já se tocou que eu acompanho a série. “Você está lascado!”, é o que eles falavam para mim na viagem toda. Saímos daquela região deserta e fomos em direção ao prédio da Engenharia Elétrica da POLI.

Chegando lá, andamos até chegarmos em um lugar inóspito na vida real, porque no sonho havia um monte de outras crianças Uma dúzia, mais ou menos. Me lembrou bastante a árvore dos amigos do Peter Pan. Uma das crianças que me sequestrou pegou a caixa do meu celular que estava no carro e levou para a criançada ver se tinha algo de útil dentro. Apesar de o celular estar no meu bolso, e nem mexeram nele, os muleques ficaram fuçando a caixa e tentando descobrir o que o carregador, o fone de ouvido e o manual faziam, mas claro, nada de muito útil sem o telefone.

Adentrando na base militar delas, eu avisto de longe a Leila (pseudônimo) amarrada e com um pano na boca para não falar. Eu arregalei os olhos e falei: Eu conheço ela! Então, Cacau, o justiceiro, entra em ação novamente. O desafio da vez eram cinco mini power rangers não fantasiados, mas vestidos com roupa normal e suas camisetas eram as respectivas cores dos heróis da televisão e, claro, o menino que atravessou o carro era o líder, o mini power ranger vermelho.

A briga poderia ser algum chefe de um jogo de RPG. Até trilha sonora tinha. Era idêntico: eu escolhia com quem lutar com a maior calma do mundo, um por vez, e os outros ficavam só olhando. O truque era estratégia: usar o golpe certo no inimigo certo e na ordem certa. Cacau era cruel! Dava apenas um soco na cara da mini power ranger amarela, uma japinha, forte o suficiente para deixá-la tonta; mini power ranger vermelho levou chute na cara; mini power ranger azul veio me bater com uma espadinha de plástico e eu a arranquei da mão dele e dei duas na cabeça dele.

Fim de batalha! Cacau vitorioso! As cinco crianças que plagearam os heróis estavam todas arrebentadas e chorando. Feito o resgate da Leila e, quando estávamos saindo de lá, o outro montante de crianças nos circundou com o intuito de vingar o choro dos parceiros. Eu já estava me preparando para brigar com todas elas ao mesmo tempo quando eu acordo meia-hora atrasado para a aula de violoncello.